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Você já compartilhou estas imagens? Descubra os riscos destas mensagens.

Me sentindo INDIGNADA, PROVOCADA e PREOCUPADA.

- Indignada quando olho que empresas (como nos exemplos, de turismo e táxi) desqualificam e atacam o psicólogo numa campanha para atrair clientes.

- Provocada a mostrar a distorção a respeito da função do psicólogo.

- Preocupada por ver que, ainda hoje, há preconceito e desinformação sobre saúde mental e emocional.


A banalização da psicologia nas redes sociais e propagandas/divulgações de serviços é um grande ato de descomprometimento com a saúde mental e emocional no Brasil. Quanto mais compartilhamos este tipo de informação, menos contribuímos para a promoção de saúde, para a construção de uma sociedade com qualidade de vida e com poder de decisão.

Cuidar da saúde emocional e mental é tão importante como cuidar do coração, colesterol, diabetes, cáries, ou qualquer outra coisa de ordem biológica.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) 450 milhões de pessoas sofrem ou sofrerão de distúrbios da mente (dados de 2001); a questão é que pela falta de informação, pela ideia distorcida a respeito do psicólogo (como nas imagens), por vergonha, preconceito e medo de ser chamado de louco, as pessoas acabam não buscando por tratamento adequado.

Recebo diariamente no consultório pessoas que não aceitam o fato de precisarem de atendimento psicológico, um cliente já me disse que preferia ter câncer que sofrer de depressão. Isso porque a pessoa que faz psicoterapia, muitas vezes, precisa lidar com o diagnóstico e com o preconceito.

Mostrar para a população a importância de cuidar da mente é uma difícil tarefa. Usar estas imagens para divulgar serviços ou fazer graça é, na realidade, um descaso com o serviço desempenhado por, nós, profissionais. Além disso, estas publicações estão na contramão daquilo que lutamos diariamente para conquistar: reconhecimento das pessoas (e da área médica, sim porque vários médicos por uma formação estritamente “biológica” esquecem de ver o sujeito de forma bio-psico-social) sobre a necessidade de cuidar da mente.

  1. Comparar o serviço psicológico com surra de chinelo e falar que isso é de graça, leva nosso trabalho a nada e desconsidera tudo o que fazemos num atendimento familiar ou infantil. Esta informação pode passar a mensagem que todas as dificuldades dos filhos podem ser resolvidas com disciplina e punição. Que psicólogo é coisa pra quem não apanhou, não foi corrigido.

  2. Uma boa viagem relaxa, tranquiliza, nos ensina coisas novas, mas não substitui o trabalho de um psicólogo, até mesmo porque a preocupação deste profissional não é em te relaxar, mas auxiliar no seu autoconhecimento, tomada de consciência, aprendizagens e mudanças, para que consiga lidar com os altos e baixos da vida e principalmente aprenda a responsabilizar-se por aquilo que quer.

  3. Conversar com o taxista pode ser terapêutico, mas não é terapia. Terapia é um processo realizado por um profissional capacitado, e não é um blá blá blá, é um processo organizado e planejado a partir do pedido do cliente para alcançar aquilo que ele necessita e deseja para sua vida. O psicólogo não dá conselhos, não é um “escutador”, não dá palpites, nem faz julgamentos. Uma conversa com amigos, com o taxista, uma viagem pode ser terapêutica, termo utilizado popularmente para dizer que algo faz bem, porém em hipótese alguma isso é terapia.

Quando compartilhamos algo precisamos pensar sobre nossa responsabilidade na transmissão daquele conceito ou notícia. Muitas pessoas sofrem, buscam diferentes alternativas, mas jamais sentariam na sala de um psicólogo. Para romper esse estereótipo é preciso melhorar a qualidade de informação, ampliar discussões sobre o tema e desconstruir essa ideia retrógrada de que psicólogo é coisa de gente fresca, louca, fraca e que qualquer coisa ou outro profissional pode substituir nosso trabalho: chinelo, vassoura, cinto, viagem e taxista!

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