O clima no trabalho está pesado?

Com a globalização o profissional entrou em contato com diversos fatores que vem a contribuir direta e indiretamente na sua produtividade e qualidade de vida. Dentre esses fatores pode se destacar a alta competitividade, ascensão da mão de obra terceirizada, concorrência acirrada, carga horarias cada vez mais longas etc. Esta forma de trabalho exigida pelo mercado proporciona um desgaste do corpo humano, tanto fisiológico quanto cognitivo. Os profissionais que estão submetidos a grandes responsabilidades, a velocidade nas decisões e outros determinantes que exigem apresentações de resultados continuamente, acabam tendo que cada vez mais renunciar seu tempo de lazer e de descanso necessário para o corpo. Nesse ambiente, característico desta nova era de profissionais, o estresse ocupacional tem se tornado cada vez mais presente.
O estresse ocupacional está ligado aos estímulos do ambiente de trabalho que exigem respostas adaptativas por parte do trabalhador e que excedem sua habilidade de enfrentamento; estes estímulos são chamados de estressores organizacionais. A caracterização de um fenômeno de estresse depende da percepção do indivíduo em avaliar os eventos como estressores, portanto o cognitivo tem papel importante no processo que ocorre entre os estímulos potencialmente estressores e as respostas do indivíduo a eles, sendo capaz de perceber e avaliar demandas do trabalho como estressoras que excedendo a sua habilidade de enfrentamento causam no sujeito reações negativas a nível psicológico, fisiológico e comportamental. Um trabalhador que relata a existência de excesso de trabalho pode não considerá-lo como prejudicial, mas como positivo e estimulante, devido características situacionais e pessoais que interferem no julgamento do individuo.
O estresse é considerado como uma das principais causas de demissões e afastamento do trabalho o que tem levantado preocupação e estudos. Atribui-se a empresa grande parte do stress existente nos ambientes de trabalho, no entanto, vale examinar mais cuidadosamente as naturezas destes conflitos e suas consequências para vida pessoal e profissional dos indivíduos.
Para Dejours, o estresse não é uma doença, mas um descontrole de uma função natural e normal do organismo. Nessa perspectiva, deve-se buscar um equilíbrio nos níveis de estresse, de forma a que ele contribua para o desempenho do indivíduo sem ameaçar-lhe o bem estar. Para este autor o ser humano vem passando por várias mudanças, as quais têm alterado seu modo mais natural de viver. Por exemplo: a passagem da vida rural para a vida urbana, a passagem do estacionário para o móvel, da autossuficiência para o consumo, do isolamento para a interligação, e da atividade física para a vida sedentária. O ritmo acelerado dessas mudanças afeta direta e indiretamente o homem, diminuindo seus níveis de bem-estar físico e mental.
O ambiente de trabalho tem papel relevante nesse processo, visto o tempo de permanência, a natureza e a intensidade de relações que o indivíduo nele desenvolve. Por outro lado, o elevado número de agentes estressores presentes na sociedade atual exige uma adaptação constante do homem ao seu meio, causando-lhe permanente tensão, que o leva a agredir a si próprio.
Dessa forma, pode-se, dependendo da pessoa, desenvolver problemas que variam de transtornos psicológicos e desânimo a sintomas físicos que desencadeiam doenças graves.