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O que faz tantas pessoas terem coragem para não agradar enquanto tantas outras sofrem por essa dificuldade, o que elas sabem fazer diferente para estarem nas relações sem angustia e ansiedade em não serem semrpe aceitas ou reconhecidas. As pessoas que não aprenderam a lidar com a rejeição, com emoções como medo, culpa, frustração e não desenvolveram segurança de quem são, de suas competências e de seu valor terão mais necessidade de sempre agradar nas relações.
Assim, para os pais que querem ensinar os filhos a lidar com as emoções é preciso desde muito cedo, desde o nascimento ou antes (na gestação), falar com eles, abrir espaço para que falem sobre o que acontece, sobre o que sentem, mas fazer sem cair numa conversa baseada em porquês, pois mais importante que buscar o porque de uma emoção existir é poder validar sua existência, e isso se faz acolhendo, auxiliando a criança nomear em palavras o que sente, acompanhando-a para ganhar consciência das suas emoções e encontrar formas cada vez mais funcionais de expressá-las. Ao ganhar consciência das emoções pode-se encaminhá-las para o que for mais útil e funcional em cada momento: expressar, conter, direcionar.
Na terapia relacional sistêmica compreende-se que conhecer o caminho da energia corporal nas emoções básicas facilita a tarefa de acompanhar as próprias emoções e as dos filhos. Na raiva o corpo recebe uma energia que flui para os músculos e para as mãos, deixando o corpo preparado para ações fortes, não por acaso é tão comum as crianças expressarem sua raiva batendo. Conhecer esta teoria dá a oportunidade para pais e filhos encontrarem recursos que encaminhem a raiva com estratégias mais vigorosas, como bater num travesseiro, rabiscar forte, amassar e rasgar papéis. Na tristeza, emoção necessária para digerir as dores, frustrações, perdas e incompetências, a energia fica diminuída, o organismo todo se contrai, é interessante expressá-la chorando, aquietando-se, falando sobre ela, fazendo um desenho, por exemplo. Na ansiedade, o fluxo energético contrai-se para dentro do organismo, para os órgãos internos, expressá-la com atividades que levem essa energia para as extremidades, com um exercício de intensidade e na sequência uma respiração e relaxamento podem ser formas de lidar com a ansiedade. Na alegria o corpo recebe uma expansão geral da energia, o que gera uma sensação de tranquilidade, poder cultivar a alegria no espaço familiar também é uma possibilidade interessante para trabalhar as emoções, criar rituais e hábitos como dançar, brincar juntos, cantar, permitem não só a expressão da alegria, mas o contato com as emoções.
Quando a criança aprende recursos para expressar sua emoção, em vez de reprimi-la ela treina e testa estratégias que serão úteis nas relações e na vida. Lembro-me de uma adolescente que quando queixava-se com os pais que as amigas a excluíam, escutava sempre o mesmo discurso, que era para não dar importância pra situação. Embora, os pais escutassem seu desabafo, ela continuava sem rumo pra lidar com o sofrimento que aquilo tudo lhe proporcionava. Acolher os sentimentos e emoções dos filhos é um aspecto importante no desenvolvimento da autoestima e segurança, mas além disso é necessário orientar os filhos para que não fiquem sozinhos e sem parâmetros com tudo que estão sentindo e expressando.
Crescer tendo aprendido a ficar em paz com o que sente e a validar quem é, dá segurança para estar nas relações sem o peso de sempre precisar agradar, quem aprende a conviver com as emoções com naturalidade e se responsabilizar pelo que sente, vive os movimentos da vida e das relações com mais autonomia e flexibilidade.
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