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“Como ter a garantia de que estou escolhendo o certo?"

  • Angélica Neris
  • há 18 horas
  • 2 min de leitura

Nestes 10 anos de clínica observei que uma das questões que dificultam uma tomada de decisão é a não-garantia de estar escolhendo certo. O desejo de não errar e a expectativa em fazer escolhas sem riscos e consequências assombram a vida adulta. Deveria sair do atual emprego? É hora de colocar fim no relacionamento? Ter ou não ter filho? Revelar ou não um segredo? Ainda, que a todo momento estejamos escolhendo, algumas decisões podem vir acompanhadas pelo medo do arrependimento, do novo e desconhecido, e pela dificuldade em administrar aquilo que foi perdido ao escolher algo. Aceitar a impossibilidade de ter garantias e poder abrir mão da escolha certa para investir numa escolha consciente, é um passo importante para evitar um ciclo de culpabilidade e arrependimento.

Na tentativa de fazer a escolha certa fixa-se o olhar nas possibilidades, nos ganhos e perdas, e fica de fora os sentimentos, a avaliação das consequências, as hipóteses de como funcionar e, principalmente, o olhar sobre o que deseja e quer pra si. Um processo de escolha consciente não começa pela avaliação das possibilidades entre A, B ou C, mas pela identificação do que deseja e quer, isso quer dizer que para escolher, primeiro, é preciso saber o que quer. Tudo isso pode parecer óbvio, mas na prática não é, saber o que quer e o que deseja exige investimento de tempo para enxergar, energia pra checar e disponibilidade para pensar o presente, a realidade e levantar hipóteses para o futuro. Pessoas com bom nível de autoestima têm maior facilidade em fazer escolhas, porque entre outras coisas, elas têm clareza do que gostam, desejam e querem pra si; reconhecem seu limites, fraquezas, habilidades e competências, se responsabilizam e lidam com a frustração como parte da vida.

Se não dá pra escolher sem saber o que quer, depois de ganhar consciência desse aspecto é possível levantar hipóteses de como funcionar, o que fazer em prol daquilo que deseja, avaliar as consequências das possíveis escolhas, nomear e identificar os sentimentos e aí tomar uma decisão. Nas escolhas compulsivas a pessoa reage às situações e diante das consequências se culpa ou culpabiliza alguém. Nas escolhas conscientes a pessoa se responsabiliza, porque ela avalia as consequências e escolhe a partir do que está disposta, do que dá conta, do que a deixa em paz, não faz uma escolha para não ter consequências, mas escolhe também como lidar com elas, em vez, de culpabilizar. No processo de escolha consciente integrar os sentimentos auxilia a clarear a tomada de decisão e a acolher a ambiguidade dentro de uma escolha, a segurança numa decisão pode vir acompanhada de ansiedade e medo.

Este treino de trabalhar o nível de consciência sobre as escolhas é caminho importante para trocar a culpa pela responsabilidade nas escolhas da vida, é recurso necessário para a qualidade das relações e para saúde emocional.

 
 
 

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